Note de lecture

LINGUA: PORTUGUESA
Considerando a densidade conceitual do texto em questão , coloco aqui, uma leitura ponto a ponto, das idéias de José Zuberman sobre a palabra confiança como um nome da transferência.

1. Confiança - Desconfiança (Freud) : Nos escritos técnicos, Freud nomeia a transferência como "confiança no médico" nos casos de neurose de transferência; neuróticos capazes de transferência, de depositar confiança em oposição aos paranóicos, impossibilitados de depositar confiança.
2. Sugestão e Hipnose (Freud) : Um clivagem feita por Freud, onde , sugestão diz respeito ao "influxo exercido sobre um sujeito por meio dos fenômenos de transferência nele possíveis", bem como, "a sugestão para lhe fazer levar a cabo uma labor psíquica que traz consigo uma melhora permanente da situação psíquica". Enquanto a hipnose permanece no campo da identificação ao objeto "a mercê duma ordem, via voz ou olhar do Outro absoluto" ( Zuberman). Então a confiança no médico e a capacidade de aceitar sugestões ficam vinicoles às possibilidades da transferência simbólica, "magistralmente sintetizada por Lacan na função do SsS". (Zuberman)
3.Amor de transferência e Confiança( 1ª questão de Zuberman): O amor de transferência repousando na estrutura simbólica do inconsciente. "Quem possa supor o saber, também amará a quem se o suponha". "É então o amor de transferência equiparável à confiança?"
4.Confiança e amor : Aristóteles distingue confiança (como virtude da amizade) da relação dos amantes (amante-amado). "Também não podem se aceitar nem ser amigos antes de se ter estabelecido entre eles uma confiança recíproca" (Aristóteles) Neste ponto o autor questiona uma sinonímia entre reciprocidade e simetria, referindo-os à especularidade. Para tal recorre à
:
a) Kant: "reciprocidade de ação ou comunidade é a causalidade das substâncias se determinando mutuamente uma à outra".
b)Newton: "a toda ação se contrapõe uma reação". Reação como resposta e não como simetria.
c)Hegel: "a reciprocidade se apresenta como uma causalidade recíproca de substâncias pressupostas e auto-condicionantes. Cada uma se acha relacionada com a outra enquanto é à vez uma substância ativa e uma passiva". Aí o autor volta à Aristóteles para diferenciar amor de amantes e confiança de amigos, posto que, os que se amam não teriam os mesmos prazeres, "um se complace em amar e outro em receber os cuidados de seu amante". Enquanto amar o amigo seria amar " seu próprio bem", já que o amigo é "um bem para aquele que ama". Finalmente, a igualdade se chama também amizade, mas não como simetria especular, narcisista. Trata-se aí de reciprocidade, a saber, o que se sustenta tanto em sujeito como em objeto da amizade.(Zuberman)
5. Recíproco - Simétrico (Zuberman) : "O amigo cuida de seu lugar de objeto tanto quanto o analista cuida do seu lugar de objeto causa da transferência". Não se trata de simetria ,e sim, de confiança recíproca .
6.Confiança, um nome da transferência (Questão nuclear de Zuberman) : O autor coloca a questão em extensão, quer dizer, na relação entre os analistas. Por um lado o amor entre analistas, visto por ele como " um re-ligar que se sustentaria em uma igualdade, que ocultaria a rivalidade fraterna para sustentar um Único Mestre". Considera além de impossível, pernicioso como Ideal (nos moldes de uma Religião). Por outro lado há a confiança entre analistas no sentido de que "o outro saberá garder segredo", a confiança para apresentar um caso, para uma pesquisa, para testemunhar no passe. Enfim, confiança possibilitando amizade e trabalho.
7. Confiança recíproca, uma proposição do autor : Este termo é vinculado à reciprocidade no tratamento, onde "a gente causa o dizer do que toma a palavra, sustentando o lugar do objeto causa".
8. Confiança recíproca, um nome para transferência de trabalho (última questão do autor) : Colocada aí como "transferência em extensão". O autor distingue: Interrogar ao analista e semear desconfiança. "Interrogá-lo faz a ética de nossa prática na extensão. Semear desconfiança aponta para atacar cada transferência em singular" (Zuberman). Retorna à idéia inicial de confiança solidária ao conceito de SsS e este à existência do inconsciente. Um excesso de confiança alteraria a função da causa, na relação de reciprocidade e "o Sujeito suposto Saber é uma função ineludível na psicanálise" (Zuberman)
9. Confiança e Estrutura do Sujeito (proposição final do autor) : O autor inclui uma cita gaúcha : "A confiança mata o homem ... e engravida a mulher" para dizer que o registro simbólico (confiança, SsS) não é toda estrutura . "Ao situar o Simbólico do insconsciente freudiano como registro, Lacan nos obriga a marrá-lo ao Real e ao Imaginário para poder falar da estrutura do sujeito"(Zuberman).


FRANÇAIS
Considérant la densité du texte en question, j'entends faire ici une lecture point par point des idées de José Zuberman sur le mot confiance comme un nom du transfert.

1.Confiance - méfiance (Freud) : Dans ses Écrits Techniques, Freud appelle le transfert "confiance dans le médecin", dans les cas de névrose de transfert: névrosés capables de transfert, de déposer leur confiance en quelqu'un, par opposition aux paranoïaques, qui eux se trouvent dans l'incapacité de faire confiance.
2. Suggestion et Hypnose (Freud) : Clivage fait par Freud, où la suggestion concerne l' "influx exercé sur un sujet à travers les phénomènes de transfert possibles en lui", tout comme "la suggestion de lui faire mener à bien un travail psychique, qui apporte une amélioration permanente de la situation psychique".
Tandis que l'hypnose reste dans le champ de l'identification à l'objet "à la merci d'un ordre, via la voix ou le regard de l'Autre absolu" (Zuberman). Alors, la confiance dans le médecin et la capacité d'accepter des suggestions restent liées aux possibilités de transfert symbolique, "synthétisé de façon magistrale par Lacan dans la fonction de la SsS." (Zuberman)
3. Amour de transfert et Confiance (1ère question abordée par Zuberman): L'amour de transfert repose sur la structure symbolique de l'inconscient. "qui peut supposer le savoir, aimera aussi celui qui le suppose". " L'amour de transfert est-il alors comparable à la confiance?"
4. Confiance et amour : Aristote distingue la confiance (en tant que vertu de l'amitié) de la relation des amants (amant-aimé). " Ils ne peuvent ni s'accepter ni être amis avant que ne se soit établie entre eux une confiance réciproque" (Aristote). Sur ce point, l'auteur s'interroge sur une synonimie entre réciprocité et symétrie, en les renvoyant à la spécularité. Pour ce faire, il a recours à :
a) Kant: "la réciprocité d'action ou la communauté est la causalité des substances qui se déterminent l'une l'autre, mutuellement."
b) Newton: "à toute action s'oppose une réaction". Réaction comme réponse et non comme symétrie.
c) Hegel: "la réciprocité se présente comme une causalité réciproque de substances présupposées et autoconditionnantes. Chacune se trouve en relation avec l'autre, étant à la fois une substance active et passive".
Ici, l'auteur revient à Aristote pour distinguer l'amour des amants de la confiance des amis, étant donné que ceux qui s'aiment n'auraient pas les mêmes plaisirs, "l'un prend plaisir à aimer et l'autre à recevoir les soins de son amant". Tandis qu'aimer un ami serait aimer "son propre bien", puisque l'ami est "un bien pour celui qui aime". Finalement, l'égalité s'appelle aussi amitié, mais pas comme symétrie spéculaire, narcissique. Il s'agit ici de réciprocité, c'est-à-dire, ce qui s'affirme autant comme sujet que comme objet de l'amitié. (Zuberman)
5. Réciproque - Symétrique (Zuberman) : "l'ami prend soin de sa place d'objet, tout comme l'analyste prend soin de sa place d'objet cause du transfert". Il ne s'agit pas de symétrie, mais de confiance réciproque.
6. La confiance, un nom du transfert (Question centrale de Zuberman) : L'auteur traite la question en extension, c'est-à-dire, dans la relation entre les analystes. D'une part, l'amour entre analystes, qu'il voit comme "une re-liaison qui s'affirmerait dans une égalité, qui occulterait la rivalité fraternelle pour soutenir un Unique Maître". Il le considère non seulement impossible, mais comme un idéal pernicieux (dans les moules d'une religion). Par ailleurs, il y a confiance entre analystes, dans le sens où " l'autre saura garder le secret ", confiance pour présenter un cas, pour un travail de recherche, pour témoigner du passage. Et enfin, confiance rendant compatibles amitié et travail.
7. La confiance réciproque, une proposition de l'auteur : Ce terme est lié à la réciprocité dans le traitement, dans lequel "on provoque le dire de celui qui prend la parole, en affirmant la place de l'objet cause".
8. La confiance réciproque, un nom pour le transfert de travail (dernière question abordée par l'auteur) : Présentée ici comme "transfert en extension". L'auteur distingue: Interroger l'analyste et semer la méfiance. "L'interroger constitue l'éthique de notre pratique dans l'extension. Semer la méfiance vise à attaquer chaque transfert en particulier" (Zuberman). On revient à l'idée initiale de la confiance solidaire du concept de SsS, et celui-ci à l'existence de l'inconscient. Une confiance excessive altèrerait la fonction de la cause, dans la relation de réciprocité et "le Sujet supposé Savoir est une fonction inévitable dans une psychanalyse" (Zuberman).
9. La Confiance et la Structure du Sujet (proposition finale de l'auteur) : L'auteur inclut une citation gaucho : "La confiance tue l'homme...et engrosse la femme" pour dire que le registre symbolique (confiance, SsS) n'est pas toute la structure.
"En situant le Symbolique de l'inconscient freudien comme registre, Lacan nous oblige à le rattacher au Réel et à l'Imaginaire pour pouvoir parler de la structure du sujet" (Zuberman).


ESPANHOL
Considerando la densidad conceptual del texto en cuestión, planteo aquí una lectura punto a punto, de las ideas de José Zuberman sobre la palabra confianza como un nombre de la transferencia.

1. Confianza - desconfianza (freud) : En los escritos técnicos, Freud nombra la transferencia como "confianza en el médico", en los casos de neurosis de transferencia : neuróticos capaces de transferencia, de depositar confianza, al contrario de los paranoicos, imposibilitados de depositar su confianza en alguién.
2. Sugestión e hipnosis (Freud) : Un clivaje hecho por Freud, en que, sugestión se entiende como "el influjo ejercido sobre un sujeto por medio de los fenómenos de transferencia en él possibles"", así como "la sugestión para hacerle llevar a cabo una labor psíquica que trae consigo una mejora permanente de la situación psíquica". Mientras la hipnosis queda en el campo de la identificación al objeto, "a merced de una orden, vía voz o mirada del Otro absoluto" (Zuberman). Entonces la confianza en el médico y la capacidad de aceptar sugestiones son vinculadas a las posibilidades de la transferencia simbólica, "magistralmente sintetizada por Lacan en la función del SsS"(Zuberman).
3. Amor de transferencia y confianza (1° cuestión de Zuberman) : El amor de transferencia reposa en la estructura simbólica del inconsciente. "Quien pueda suponer el saber, también amará a quien se lo suponga". "Es entonces el amor de transferencia equiparable a la confianza?"
4. Confianza y amor : Aristóteles distingue la confianza (como virtud de la amistad) y la relación de los amantes (amante-amado). "Tampoco pueden aceptarse ni ser amigos antes de haberse establecido entre ellos una confianza recíproca" (Aristoteles). En este punto, el autor cuestiona una sinonimia entre reciprocidad y simetría, refiriéndolos a la especularidad. Para ello recurre a :

a) Kant: "la reciprocidad de acción o comunidad es la causalidad de las substancias determinándose mutuamente la una a la otra.
b) Newton: "a toda acción se contrapone una reacción. Reacción no como simetría sino como respuesta.
c) Hegel: "la reciprocidad se presenta como una causalidad recíproca de sustancias presupuestas y autocondicionantes. Cada una se halla relacionada con la otra en cuanto es a la vez una sustancia activa y una sustancia pasiva".
Ahí, el autor vuelve a Aristóteles para distinguir entre el amor de los amantes y la confianza de los amigos, puesto que, los que se aman no tendrían los mismos placeres, "uno se complace en amar y otro en recibir los cuidados de su amante". Mientras amar a su amigo sería amar a "su propio bien", ya que el amigo es "un bien para aquel que ama". Finalmente, la igualdad se llama tambien amistad, pero no como simetría especular, narcisista, sino que se trata ahí de reciprocidad, a saber, lo que se sostiene tanto en sujeto como en objeto de la amistad (Zuberman).
5. Recíproco - Simétrico (Zuberman) : " El amigo cuida su lugar de objeto tanto como el analista el de objeto causa de la tranferencia". No se trata de simetría, sino de confianza recíproca.
6. La confianza, un nombre de la transferencia (Cuestión nuclear de Zuberman) : El autor plantea la cuestión en la extensión, esto es, en la relación entre los analistas. Por un lado el amor entre analistas, visto por él como "un re-ligar que se sostendría en una igualdad, que ocultaría la rivalidad fraterna para sostener a un Único Maestro." Considera, además de imposible, pernicioso como ideal (en los moldes de una religión). Por otro lado hay la confianza entre analistas en el sentido de que "el otro sabrá guardar el secreto" , la confianza para presentar un caso, para una investigación, para testimoniar en el pase. Al fin, confianza que posibilita amistad y trabajo.
7. La confianza recíproca, una proposición del autor : Este término es vinculado a la reciprocidad en el trato, en que "uno causa el decir del que toma la palabra si sostiene el lugar del objeto causa".
8. La confianza recíproca, un nombre para la transferencia de trabajo (última cuestión del autor) : Planteada ahí como "transferencia en extensión". El autor distingue: interrogar al analista y sembrar desconfianza. " Interrogarlo hace a la ética de nuestra práctica en la extensión. Sembrar desconfianza apunta a atacar cada transferencia en singular" (Zuberman). Él vuelve a la idea inicial de confianza solidaria al concepto de SsS, y este a la existencia del inconsciente. Un exceso de confianza haría a que se altere la función de la causa, en la relación de reciprocidad y "el Sujeto supuesto Saber es una función ineludible en la psicoanalisis" (Zuberman).
9. La confianza y la estructura del sujeto (proposición final del autor) : El autor incluye una cita gaucha : "La confianza mata al hombre... y embaraza a la mujer" para decir que el registro simbólico (confianza, SsS) no es toda la estructura.
" Al situar lo simbólico del inconsciente freudiano como un registro, Lacan nos obliga a anudarlo a lo Real y a lo Imaginario para poder hablar de la estructura del Sujeto" (Zuberman).

lecture de SANDRA WALTER, Intersecção Psicanalítica do Brasil