DO INCOSCIENTE E A ESTÉTICA

ESTELRRICH Jorgelina


O que nos ensina a obra do pintor, é o que se dá a ver no enigma que a figura leonardesca sustenta, se trata-se, para o caso, da Gioconda.

No estudo que Freud faz da obra de Leonardo da Vinci, pesquisa pelo material anímico que do artista tem sido posto em jogo dando vida a suas obras... no que tem de inacabável a sublimação, como destino pulsional.

Também no Sinistro Freud sostem a pergunta a respeito de que partes do psiquísmo corresponderiam estes produtos de "inquietante estranheza" que fazem à estética de certas obras de arte.

O poema ou o jogo das crianças, adverte-nos, como também nossas fantasias, são as ficções que nos permitem de diferentes formas representar aquilo irrepresentável que nos concerne. (do Poeta e sua Fantasia, Freud).

A figurabilidade do conteúdo dos sonhos pela posta em forma de suas cenas conleva uma representabilidade, cuja estética deformante não é senão efeito da Repressão.

Se os sonhos, via régia de aceso ao pensamento inconsciente, não menos que as obras de arte... dão a ver uma cena, fixam uma forma, desenham uma linha pela que algo é recortado, representado mas à vez algo incomensurável-mente escapa pelos interstícios do que figura.

Lacan... nos faz atender a aquilo que o artista sabe fazer... quando escreve um poema ou pinta um quadro ou quando como Joyce... afeta por sua obra a língua inglesa.

No Seminário da Identificaão nos indica a respeito do sujeito, se do inconsciente é do que se trata, não é a estética transcendental Kantiana a que lhe concerne. De que estética pode se tratar para nosso sujeito intersticial do enunciado e a enunciação?.

Se o ser falante do que no ocupamos os psicanalistas, é este indivíduo afetado de incosciente, tal é a hipótese lacaniana e quando fazemos clínica não deixamos de fazer lógica... não é senão porque nosso sujeito está feito de essa lógica que Freud descobrira nos mecanismos dos sonhos, que incumbem às operações da linguagem: a metonímia e a metáfora.

Máquina do significante que em sua lógica, marca um corpo... e de alguma forma inagura o pensamento funda-o-mental.

Não é Kant acaso quem abre a via da função do objeto "patológico", esse cuja experiência de satisfação ou dor apatiza ao sujeito em sua particularidade mas abre o cisma, por isso mesmo, de sua inajustável universalidade?.

É por esta luminosa crítica de Kant no que se refere à capacitação do objeto, a priori (espaço- tempo) que a Razão Pura- nos dá a Verdade da Estética transcedental mas nos fica ainda por dar alguma razão, por uma estética que diga da verdade do sujeito do inconsciente. Este fica por fora de essa estética, mais bem este se faz de uma antiestética que a deformação do onírico nos dá a ordem da sua antecedência e que poderia se chamar fundamental.

Lacan no Seminário dos "Quatro Conceitos fundamentais" nos propõe uma prática não ontológica. O Inconsciente não é pre-ontico. O inconsciente é um conceito?... não-ontico, entanto é funda- mental.

Com Lacn o discurso da psicanálise conleva uma lógica... A do significante e se sostem de uma ética, a indestrutibilidade do desejo freudiano, o que não é sem uma estética funda-mental suportada não só na unidade (imaginário- simbólica) do a priori Kantiano (Lei Universal) senão mais bem na unicidade... do rasgo unário cuja antecedência se noméia Real.

Real incomensurável, que a letra cerne como "a" e que só a incessante mensura das formações inconscientes põem em verdade suas "razões" que são de "prática". É pelo discurso do OUTRO que o sujeito se apropria do objeto que não é, constituindo-se sujeito (tempo e espaço), que não está dado, senão que é feito de discurso, quando diz, não sem falar.

É pelo que o desenho significante sostem (deformadamente) sua prática de razão põe em forma, a do objeto que não há pela do sujeito que advem alí.

Uma Estética Fundamental fica instalada em "a base" de todo pensamento, transcendental. Sua posta em forma, sua figurabilidade está feita do mistério que fica guardado trás essas operações. Lógica do Inconsciente, Estética da incopatibilidade do pensamento com o Real.